Dia do trabalho ou dia do trabalhador? 1º de maio tem origem em massacre

Feriado nacional no Brasil e em pelo menos 80 países, o 1º de maio tem ligação com a reivindicação da jornada de oito horas no fim do século 19 e massacres de trabalhadores nos Estados Unidos e na França. Mas, ao longo do tempo, a data passou a ser conhecida em lugares, como a França e o Brasil, como "dia do trabalho" e não do trabalhador

Feriado nacional no Brasil e em pelo menos 80 países, o 1º de maio tem ligação com a reivindicação da jornada de oito horas no fim do século 19 e massacres de trabalhadores nos Estados Unidos e na França. Mas, ao longo do tempo, a data passou a ser conhecida em lugares, como a França e o Brasil, como “dia do trabalho” e não do trabalhador.

Em 1º de maio de 1886, cerca de 80 mil trabalhadores pararam a cidade de Chicago para reivindicar melhores condições de trabalho. Na década de 1880, operários aderiam em massa aos movimentos sindicais, influenciados especialmente pelo pensamento anarquista, e a cidade fervilhava com seus encontros e discussões.

Dias de festa, dias de luta
Era um sábado e o clima em Chicago era de festa, segundo descreve o historiador James Green no livro “Death in the Haymarket”. Anarquistas como August Spies conduziram marchas pacíficas naquele dia, em apoio à greve nacional que tinha como pauta central a redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas.

A violência que marcou os protestos daquela primavera teve início dois dias depois, em 3 de maio: em um confronto entre grevistas e trabalhadores temporários contratados por uma fábrica para furar a greve, a polícia atirou contra a multidão deixando um morto e vários feridos.

Líderes trabalhistas, então, convocaram uma manifestação para o dia seguinte na Praça Haymarket para protestar contra a brutalidade da força de segurança.

De acordo com a enciclopédia online Britannica, a reunião de manifestantes foi declarada pacífica pelo então prefeito de Chicago Carter Harrison, que compareceu como observador.

Durante a dispersão da multidão pela polícia, porém, uma bomba foi jogada por um indivíduo nunca identificado. Em seguida, os policiais abriram fogo contra a população. Sete policiais e até oito civis foram mortos. Cerca de cem pessoas ficaram feridas.

Esse episódio ficou conhecido como Revolta de Haymarket. O caso gerou pânico na sociedade da época, levando a um sentimento contra imigrantes (muitos anarquistas atuantes em Chicago na época eram alemães) e o movimento operário.

August Spies e outros sete ativistas foram julgados pelo ocorrido na Praça Haymarket – alguns deles sequer haviam estado no local em 4 de maio.

Spies e mais três foram enforcados no fim de 1887. Um outro réu cometeu suicídio e os demais foram perdoados em 1893 pelo governador de Illinois, que concluiu que o julgamento não foi justo.

O fuzilamento de Fourmies
Foi por conta dessa sequência de eventos que o 1º de maio foi definido como o dia internacional dos trabalhadores durante a Segunda Internacional Socialista em Paris, em 1889.

Dois anos depois, trabalhadores têxteis de Fourmies – uma pequena comuna no norte da França – se manifestaram na data, ainda reivindicando a redução do dia de trabalho para oito horas.

O exército, que tinha sido mobilizado pelo prefeito para manter a ordem, atirou contra os manifestantes e deixou nove mortos, que se tornaram mártires. Entre eles, estavam quatro jovens mulheres e uma criança.

Em 1906, os trabalhadores de Paris fizeram uma greve geral pela redução de jornada, que foi duramente reprimida. A jornada de oito horas seria instituída pela lei francesa apenas em 1919.