Em visita à aldeia Piaraçu, na terra indígena Capoto-Jarina, no Parque do Xingu (MT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado pelo cacique Raoni, uma das principais lideranças indígenas do Brasil. O líder do povo Caiapó expressou sua preocupação com a possível exploração de petróleo e gás na Foz do Rio Amazonas, na chamada Margem Equatorial.
Durante o encontro, realizado nesta sexta-feira (4), Raoni alertou Lula sobre os riscos ambientais do projeto e citou até mesmo mensagens espirituais recebidas como pajé:
“Já tive contato com os espíritos que sabem do risco que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma de destruir, destruir e destruir”, afirmou.
A região em questão se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá e vem sendo alvo de interesse da Petrobras, que pretende investir cerca de US$ 3,1 bilhões no projeto. No entanto, a iniciativa depende do aval do Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental.
Apesar de já ter defendido publicamente as pesquisas de exploração, Lula ouviu as lideranças indígenas presentes no evento e condecorou Raoni com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito — a mais alta honraria do país. Em seu discurso, o presidente destacou a importância do ativista e reconheceu: “ainda há muito a ser feito”.
Ambientalistas alertam que o projeto pode gerar prejuízos irreversíveis ao ecossistema amazônico, colocando em xeque o equilíbrio ambiental e a relação do governo com os povos originários.
